MONTEZ MAGNO: 55 ANOS DE ARTE
Bete Gouveia e Itamar Morgado
curadores
abertura_11/05/2011, quarta-feira, às 19h
O conjunto dos 150 trabalhos reunidos nesta exposição representa apenas um fragmento da vasta obra do artista pernambucano Montez Magno.
Sua trajetória artística, iniciada no Recife em 1954, desdobra-se por períodos no Rio de Janeiro, São Paulo, Madrid e Milão e é repleta de importantes ações no campo da experimentação e de realizações artísticas.
Suas obras foram exibidas nos mais importantes espaços expositivos nacionais, (como a Bienal de São Paulo) e do exterior, e mantêm-se atualizadas, apesar das grandes mudanças ocorridas ao longo desse período no cenário mundial, em seus aspectos artístico, político e cultural.
Seu vasto acervo pessoal é composto de aproximadamente 1500 obras entre desenhos, pinturas, gravuras, xeroarte, esculturas, objetos, livros de artista, partituras de música aleatória, fotomontagens, maquetes, projetos de arte ambiental e instalações, registros de performances, sem citar sua produção poética, que conta com 10 livros editados.
Diante da impossibilidade de expor todos os seus trabalhos, e sem perder de vista a proposta de realizar uma exposição retrospectiva, selecionamos obras que registram momentos pontuais no seu longo percurso, procurando contemplar todas as décadas da sua produção artística, nos seus instantes mais significativos.
Por tratar-se de um artista camaleônico, portanto resistente a rotulações, a mostra foi dividida em 7 eixos temáticos distribuídos pelos três pavimentos do Museu. Para isso, contamos com a valiosa contribuição do crítico e curador Paulo Herkenhoff que, em recente pronunciamento, declarou publicamente ser Montez Magno um dos mais importantes artistas brasileiros da segunda metade do Século XX.
No piso térreo, o visitante terá acesso ao eixo das Arquiteturas, obras que refletem o viés predominantemente construtivo do artista, representado por diversas séries, entre as quais se destacam as Barracas do Nordeste, em que Montez foi beber na fonte da arquitetura típica do comércio popular do interior do Estado de Pernambuco, para compor obras solares, de cunho geométrico, com forte apelo cromático.
O Aquário Hélio Oiticica abriga a instalação Olhe! do início da década de 70, revelando o lado conceitual do artista, consolidado no decorrer das décadas seguintes.
Ainda no pavimento térreo e estendendo-se pelos dois outros pisos próximos ao vão da escadaria, estão dispostas as obras do eixo das Cartografias, que aludem à permanente preocupação do artista em localizar(se) frente à dicotomia tempo/espaço, ao fazer a ligação do regional ao universal, valendo-se da estética das cartas geográficas, ou simplesmente referindo-se ao período das Grandes Navegações, como em Ovo de Colombo.
Distribuídas nas salas principais do segundo, e parte do terceiro piso, estão as obras componentes do eixo das Escrituras, em que vem à tona seu lado caligráfico, gestual, como os desenhos em papel da série Fragmentações, distanciados do rigor geométrico de séries anteriores, ao lado de três séries das suas partituras de música aleatória: Cromossons, Notassons e Madrigais Recifenses, em que a Música (outra das paixões da vida de Montez) inspira composições de signos gráficos de notável efeito plástico.
O eixo da Metafísica (a nosso ver, principal ponto de tangência entre o pintor e o poeta) pode ser apreciado no segundo piso, na sala contígua à das Escrituras. Nela se encontram obras das séries Portas de Contemplação, Sólidos Platônicos, Cartas Celestes e Morandi, contrapondo-se à solaridade das obras da Série Barracas do Nordeste, expostas no pavimento térreo.
Essa sala pede luz baixa e silêncio, induzindo à contemplação e à reflexão, assim como as obras do eixo Oriente, onde o artista reconceitua em telas e objetos a cultura milenar do Oriente, com seus mistérios e transcendências.
Se, do ponto de vista formal, Arquiteturas representa com maior propriedade o fazer artístico predominante na obra de Montez, Metafísica é o eixo que mais se aproxima das suas características psicológicas, dramaticamente expressas em seus poemas, que podem ser apreciados nos livros colocados à disposição do público para leitura, na Sala Linha do Tempo, no segundo pavimento.
No sexto eixo, Ludos, também no segundo andar, o artista revela uma de suas faces mais instigantes, a do exercício diário de criatividade, resignificando objetos do cotidiano e transformando-os em obras de arte, como na poética Nuvem elaborada com pedra abrasiva e flocos de algodão.
Critica Institucional, o sétimo e último eixo, representa os questionamentos do artista frente ao circuito institucional das artes plásticas.
Assim é o universo de Montez Magno, um artista plural em sua singularidade.
local_
MAMAM
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